Doll Diary

Potencial infinito, rescript e cartas para viajantes do tempo.

Como era esperado, nada além do potencial importa quando estamos em um lugar novo, um espaço vazio que da vida em tudo que toca.

Não consigo evitar, ele grita tanto que eu choro de madrugada pensando que quero viver para sempre, ter o cabelo de todas as cores, usar roupas que fiz sozinho e escrever porque, em algum lugar, alguém importante me ouve. Eu não estou sozinho, mas eu preciso.

Talvez seja o carma do meu urso rosa, que após devorar tudo ao seu redor, volta com as patinhas cheias de sangue para a caverna, e pede uma mordaça para sair sem ferir os outros. Mas sua essência selvagem deve ser glorificada, como uma mãe que conhece o próprio filho, e não sacrifica seus valores por falsos elogios: natural, selvagem, perigoso, e cheio de amor. Divino.

Ele é a voz que me pede para usar couro quando enfrento o desconhecido, porque é como ele debocha da dor do desconforto, e transforma a vergonha em fetiche. Ele também é a delicadeza nos meus lenços coloridos, e a felicidade de quando, mesmo em armadura, reconhecem que sou uma boneca viva.

Não consigo evitar meu orgulho, e mesmo abafando minha vaidade, sei que essa é minha versão mais valiosa. Ela custou mais que palavras, e a honro com uma única promessa: só dizer sim para oque adoro. Inevitavelmente, me tornei tão adorável quanto meus sonhos, e não trocaria esse momento por nada.

Um urso rosa e agressivo é o ícone mais poético do meu nascimento: serei bom, serei mau, e permanecerei puro, pois o urso só mata pelo medo ou pela fome.